sábado, 29 de outubro de 2011

PAPO COM O ARTÍSTA: O PENTAGRAMA fala com o compositor, pianista, fundador e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos, um dos mais importantes nomes da regência no Brasil, LUIS GUSTAVO PETRI.


O Pentagrama: Maestro o senhor é responsável pela criação da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos e pelo sucesso e a difusão da música erudita na baixada santista, o senhor pode nos contar um pouco sobre isto?

Maestro Petri: Depois de algumas tentativas de solucionar os problemas burocráticos da antiga Orquestra Sinfônica de Santos (particular) a Prefeitura então resolveu fundar a Orquestra Municipal. Em 1994 criamos a lei e em 1995 ela começou a funcionar. E os resultados foram ótimos. Em pouco tempo conquistamos um público fiel e pudemos fazer alguns avanços no que tange à divulgação da música de concerto seja com a orquestra se apresentando fora do teatro em Santos e nas cidades vizinhas seja formando platéia com atividades voltadas para as crianças, ou mesmo viajando com a orquestra e com seu quarteto de cordas para cidades da região. Sempre com enorme sucesso.

O Pentagrama: Além da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos, dos convites para reger outras orquestras, entre outras atividades, o senhor assumiu oficialmente, no mês do centenário do Teatro Municipal de São Paulo, o cargo de regente assistente do maestro e diretor artístico Abel Rocha. É um desafio ?

Maestro Petri: Sempre é um desafio. Na verdade sinto-me retornando à minha casa. Foi lá que comecei minha carreira, meu primeiro trabalho oficial como pianista correpetidor nas óperas e nos corais na década de 80. Já havia regido a OSM inúmeras vezes como convidado e agora ao lado do maestro Rocha, sinto-me honrado de poder contribuir para o reflorescimento desta que é uma das mais importantes casas de ópera da América Latina. No Theatro há muito trabalho a ser feito e é muito bom fazer parte desta equipe.

O Pentagrama: Neste ano de 2011, o senhor foi orientador artistico do “Curso de Direção de Orquestra Maestro Ivo Cruz” em Coimbra – Portugal. Como foi este convite, esta vivência?

Maestro Petri: Este convite foi fruto de uma colaboração entre as cidades de Santos aqui no Brasil e Arouca, Portugal. Essas são cidades irmãs e em uma das oportunidades eu regi a Orquestra Clássica do Centro sediada em Coimbra. Deste encontro nasceu a idéia de fazermos um Curso de Direcção de Orquestra. A idéia foi amadurecendo e o resultado foi um sucesso. Alunos muito talentosos e o concerto de premiação disputadíssimo com a participação de Taís Bandeira.


O Pentagrama: “Um Beijo Atlântico Brasileiro”, sua composição e letra em parceria com a soprano Tais Bandeira, com estréia em Coimbra - Portugal. Conta pra gente.

Maestro Petri: Durante o processo de desenvolvimento do projeto do curso apareceu a idéia de levarmos a soprano Taís Bandeira para colaborar com o curso. Levamos então um recital como “brinde”. E resolvemos dar um presente em agradecimento ao tratamento especial e compusemos em parceria “Um Beijo Atlântico Brasielro”. Uma experiência maravilhosa!

O Pentagrama: Nos espetáculos “Ópera Cantada e Falada”, como por exemplo em Carmen – baseada na ópera homônima de Georges Bizet, que percorreu cidades do Estado de São Paulo, o público aceitou bem? conseguiu aproximar o público deste tipo tão especial de arte ? Este projeto é uma idelização sua e de Cleber Papa ?

Maestro Petri: Esse projeto é um sucesso absoluto. Por onde passamos seja nas cidades pequenas seja em cidades maiores tivemos enorme sucesso! Sempre tivemos casa cheia e de público tanto apaixonado pela ópera como por aqueles que nunca tiveram acesso a esse tipo de espetáculo. Aliás o nome correto é Ópera Cantada e Contada. A idéia partiu de Cleber Papa que me convidou para fazer a direção musical dos espetáculos. Já criamos três títulos. Butterfly, Carmen e La Traviata.

O Pentagrama: Mais compositor, mais regente, mais pianista? Ou para a profissão é bom que seja uma mistura de tudo ?

Maestro Petri: Mais regente e diretor musical, mas nunca abandonei nenhuma das áreas. Acredito mesmo que quanto mais diversificarmos nosso conhecimento mais nós poderemos nos aproximar da realização completa. Não acho que seja possível ser um bom diretor ou regente sem que vc possa de alguma maneira se expressar tocando algum instrumento ou ter a capacidade de compor algo.

O Pentagrama: Seu currículo é bem extenso. Você já fez muita coisa. O que falta? Se sente realizado? Gostaria de trabalhar com alguém em especial?

Maestro Petri: Sinto-me realizado em muitos aspectos mas ainda tenho muitos desejos como artista. Gostaria muito de continuar atuando em áreas diversas, concertos, óperas, teatro, cinema, shows e qualquer tipo de espetáculo que envolva música. Gosto de trabalhar com quem é apaixonado e competente (nem sempre encontramos as duas coisas juntas).

O Pentagrama: Como o senhor vê o Mercado da música erudita brasileira ? é mais facil fazer sucesso no exterior?

Maestro Petri: É muito difícil fazer uma comparação isenta. Cada caso é um caso. Há pessoas que só conseguem sucesso fora, outras, que nunca saíram e estão muito bem aqui. Outras que fizeram sucesso fora e depois disso começaram a se dar bem por aqui.
Acho que é uma mistura de oportunidades aproveitadas com ousadia e determinação. Há bastante espaço não aproveitado ainda. Para todos os tipos de talentos e capacidades.

O Pentagrama: O senhor é considerado um maestro muito carismático, gentil, sem deixar de ser exigente e professional, é claro!. Tem algum preconceito no meio em relação a isto? Maestro bom é maestro bravo ?

Maestro Petri: Maestro bom pra mim é aquele que consegue fazer o grupo se superar e fazer mais que o máximo que eles podem fazer. Não acredito em “braveza” sem motivo. Ninguém escolheu fazer música porque foram obrigados. Por princípio todos os músicos querem tocar e tocar bem, por isso acho que uma liderança empática e motivadora sempre funciona mais. A sabedoria está em se encontrar um equilíbrio entre motivação e cobrança, lembrando que elas não são excludentes!

O Pentagrama: Quais são seus projetos para 2012 ? Será que daria para contar alguma coisa ?

Maestro Petri: Por enquanto manter meu trabalho frente à Orquestra de Santos cuidando de seu crescimento e colaborar para que o Theatro Municipal de SP brilhe novamente como uma das casas de ópera mais importantes da AL. Continuar a pesquisa e o trabalho com meu amigo Cleber Papa não só na “Ópera Cantada e Contada” como em outras idéias que podem indicar um caminho novo para a arte dita erudita.

Obrigado pela entrevista !

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