sábado, 15 de outubro de 2011

MÚSICA E SAÚDE: A MUSICOTERAPIA E O PACIENTE COM ALZHEIMER



A música e a Musicoterapia auxiliam na estimulação das funções cerebrais, ou seja, nas áreas cognitivas e límbicas, que colabora também para auto-estima, resgate da memória, potencialidades e possibilidades que ele ainda possui.
 
Diante de todas as dificuldades reconhecidas para o tratamento clínico da doença de Alzheimer e suas limitações terapêuticas, a musicoterapia procura atuar com a finalidade de preservar o que o paciente ainda tem de saudável, apesar do processo ser, até o momento irreversível.
 
O paciente com Alzheimer no início da doença possui um declínio cognitivo com perda de memória recente. Com o auxílio da Musicoterapia o paciente poderá ter acesso a lembranças, recordações e situações em que o mesmo possa ter prazer em suas atividades, trabalhando a auto-estima e resgatando momentos significativos da própria história.  

Como a música tem o poder de estimular áreas encefálicas não lesadas, durante as sessões musicoterápicas, utilizando instrumentos musicais, ouvindo suas músicas prediletas ou cantando, o paciente terá suas conexões cerebrais estimuladas e poderá alcançar vários níveis de memória, da mais remota, até a mais recente.
 
O conteúdo musical do paciente pode variar de canções antigas até as mais recentes, que podem estar associadas a diversas fases da sua vida.

O musicoterapeuta pode também investigar os aspectos emocionais/psicológicos do paciente e ajudá-lo em tarefas as quais ele apresente dificuldades, trabalhando sua auto-estima. Tais objetivos podem ser alcançados através de improvisações, composições, canções e re-criações musicais, dentro do processo musicoterápico.

As sessões podem ser individuais ou grupais.  

As experiências musicoterápicas são eficazes no tratamento da doença de Alzheimer, desde os estágios leves  até o mais moderado da doença.
 
Alguns dos principais objetivos dessas experiências musicoterápicas são: Promover a receptividade; evocar respostas corporais específicas; estabelecer uma comunicação com o ouvinte e o grupo; melhorar a atenção e a orientação e promover a identificação e a empatia com os outros.
 
O Musicoterapeuta deve preocupar-se com as limitações deste paciente percebendo então, se as técnicas escolhidas serão eficazes.
Os procedimentos para a realização das sessões de musicoterapia consistem em uma enntrevista inicial, com uma coleta de dados do paciente, a fim de saber se o paciente é indicado para a Musicoterapia.Uma Ficha Musicoterápica é realizada para obter informações sobre a musicalidade o paciente, sobre as experiências não musicais e musicais que o paciente possui, atuais ou anteriores. O passo seguinte é a Testificação Musical, realizada de forma prática, para saber mais sobre as informações trazidas pelo paciente.NISIBAYASHI  (2005) chama a atenção para o fato de que os intrumentos musicais utilizados com pacientes da 3a idade devem ser leves e de fácil manuseio, proporcionando assim conforto e  segurança, evitando que o paciente possa vir a ferir-se em contato com algum objeto cortante ou pesado. 
O musicoterapeuta deve sempre informar os ganhos que o paciente tem durante a sessão, para que seus familiares possam dar um reforço positivo no ambiente familiar. O vínculo entre os familiares também pode e deve ser trabalhado neste sentido, integrando o paciente para que ele possa sentir-se um membro da família, para sentir-se valorizado pela sociedade, para que as pessoas possam entendê-lo como ser humano cheio de potencialidades. Para alcançar estes objetivos o musicoterapeuta  trabalha o reconhecimento de objetos e dos familiares, através da exploração dos instrumentos musicais, do próprio fazer musical.
 
O tratamento musicoterápico permite trabalhar com canto, brincadeiras, jogos musicais, improvisações, canções e recreações, fornecendo momentos prazerosos e ao mesmo tempo estimulando a capacidade que o processo de envelhecimento acabam degeneralizando.
 
Desta forma, a Musicoterapia pode trabalhar com:
 
        memória: podendo realizar improvisações, composições, execução de canções que auxiliem numa organização; que possibilite o paciente expressar sentimentos, como de irritação, agressividade, stress, etc.
        o corpo: atividades que proporcionam melhora da motricidade, como a diminuição do tônus muscular, a fim de auxiliar na marcha,coordenação de movimentos e também a questão da consciência corporal e espacial, através do ritmo, de uma pulsação sendo executado pelo próprio paciente ou o terapeuta;
        trabalhar aspectos relacionados ao afeto, juízo crítico, atenção, percepção, capacidade de lhe dar com novas situações;
        atividades que trabalhem a compreensão da  palavra escrita e falada;
        trabalhar a percepção sensorial, auditiva, visual, tátil;
        os instrumentos escolhidos para a sessão devem ser de fácil manuseio, tendo como alternativa colocar os objetos na mesa, a fim de facilitar a utilização dos mesmos. Os instrumentos não devem ser infantilizados e devem ser com boa sonoridade,que proporcionem segurança e que sejam de material natural como madeira, pele, diferentes texturas,forma e peso.

Por Rebeca Porto
musicoterapeuta, musicista e professora de música, mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

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