A DISCUSSÃO COMO A MÚSICA ERUDITA É TRATADA PELA IMPRENSA
Crítico musical do jornal O Estado de São Paulo João Marcos Coelho Foto: Internet
A aproximação da música erudita com o grande
público é um desafio.
Apesar de ser fundamentada em uma audiência
restrita, a música clássica utiliza-se de diversas ferramentas para tentar se
expandir, até mesmo das novas tecnologias. "Os compositores contemporâneos
usam e abusam do download gratuito como forma de divulgação de suas
obras", diz João Marcos Coelho, crítico musical do jornal O Estado de S.
Paulo.
Em complementação ao tema, Coelho argumenta que
por vezes a comunicação com o grande público é confundida com banalização,
música mal feita e mal tocada. Em seguida, contrapõe que “não é preciso
entender de música erudita para gostar. Basta ter acesso a ela em condições
dignas, com repertórios adequados e músicos de qualidade”. Em sua função como
crítico musical de uma grande publicação, Coelho une o erudito ao popular. Em
seus artigos, garimpa livros e gravações com o intuito de reinventarem “o modo
como fazemos, ouvimos e pensamos a música”, afirma.
“Falta enfoque na
cobertura de música”
No 4º Congresso Internacional CULT de Jornalismo
Cultural, a mesa “Música para
todos?” debateu o espaço da música erudita em meio ao público e à imprensa. Os
palestrantes eram João Marcos Coelho, crítico musical de “O Estado de S. Paulo”
e Silvio Ferraz, compositor e professor de música. Na mediação, Leonardo
Martinelli, também compositor e professor musical.
“A falta de enfoque é uma
das maiores perversões que a mídia comete com a vida musical”, diz Coelho. Afirma que o jornalismo cultural fica à mercê
da agenda e seus critérios são selecionados por editores que não conhecem a
música clássica.
Silvio Ferraz explica a
música contemporânea e seu pequeno público brasileiro, e conta que “muito da
musica contemporânea vai para a música de mercado”.
“Essa distinção entre
clássico e popular foi quando as pessoas começaram a comprar piano de armário,
no século XIX”, conta Coelho, acrescentando: “Os românticos, como Chopin,
sentiram a necessidade de fazer dois tipos de música: as que eles desejavam e
as versões simplificadas para os amadores tocarem em casa”.
A respeito da
popularização da música erudita, o crítico musical propõe: “Popularizar e
democratizar a música clássica no país é seguir uma lei que obriga o ensino de
música nas escolas, para que tire o preconceito”.
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