sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Neschling e Herencia apontam o futuro do Teatro Municipal; temporada abre dia 23 de fevereiro

maestro John Neschling
Foto: Interne
Na última quarta-feira, dia 6, em um almoço oferecido a jornalistas no restaurante do Teatro Municipal, o maestro John Neschling, diretor artístico, e o gestor José Luiz Herencia, diretor geral, delinearam os rumos da nova administração do Teatro Municipal de São Paulo. “Melhor do que ficar falando do teatro – e em sintonia com a nossa ‘política de transparência’ –, quero começar anunciando um programa de acesso ao teatro e às obras, uma visita guiada, chamado de ‘portas abertas’”, iniciou o maestro Neschling. E emendou: “Isso é para que vocês vejam as facilidades e as dificuldades que encontramos ao entrar aqui. Não é mais para escrever que o teatro está pronto, o teatro não está pronto, falta isso, falta aquilo. Não tenho nenhuma intenção de criar polêmica com a antiga administração, pelo contrário; eu quero dar uma ideia positiva na minha chegada ao teatro, estou esperançoso”. O primeiro “portas abertas” será no próximo dia 18 de fevereiro, quando também será feito o anúncio oficial da temporada.


Quanto ao conceito que pretende imprimir a sua gestão, Neschling explicou: “Quero transformar o Teatro Municipal em uma instituição moderna, ágil, artisticamente contemporânea, que apresente de tudo, desde o que esse prédio antigo aqui significa até aquilo que o novo prédio da Praça das Artes significa. Nós estamos trabalhando com a tradição e estamos trabalhando com a modernidade. Estamos trabalhando com um teatro de 1911 e com uma praça de 2012”. E seguiu: “Aqui aconteceu a Semana de 22, e a Semana de 22 foi o momento político-cultural que transformou São Paulo de cidade provinciana em uma metrópole internacional. Temos a obrigação de continuar com esse espírito. Esse teatro não pode ser apenas um palácio no meio da cidade, um ícone. O Municipal é uma instituição paulistana. Queremos transformar o espírito deste teatro, queremos que o teatro faça parte do dia a dia de São Paulo”.

Em relação à nova Fundação do Teatro Municipal, que apesar de instituída por lei há quase um ano até hoje não é de fato operacional, Neschling e Herencia pretendem agilizar a criação do conselho deliberativo e a partir daí elaborar o edital para a contratação de uma organização social. “Estamos agora nos dedicando à formulação de um plano de trabalho que deverá se em breve objeto de uma convocação pública para que organizações sociais, que se qualifiquem junto à Prefeitura, possam apresentar suas propostas”, afirmou Herencia, que não descarta a possibilidade da necessidade de alterações legislativas no projeto aprovado em 2011.

O maestro Neschling também antecipou a temporada 2013 que será oficialmente divulgada no dia 18. Já no primeiro semestre, em maio, acontece a montagem de Ça Ira, criação do roqueiro Roger Waters, nova montagem com direção de André Heller-Lopes, cenários de Renato Theobaldo e figurinos de Rosa Magalhães. E em junho, a Orquestra Experimental de Repertório levará à cena The Rake’s Progress, de Stravinsky, com direção de Jamil Maluf e Jorge Takla.

Mas é no segundo semestre que tem início a temporada lírica nos moldes imaginados por John Neschling. Os títulos previstos são Aida de Giuseppe Verdi (produção do Maggio Musicale de Florença que terá direção de Neschling e Ferzan Ozpetek), Don Giovanni de Mozart (produção do Teatro Municipal de Santiago, Chile, com direção de Yoram David e Pier Francesco Maestrini); o programa duplo Cavalleria Rusticana de Mascagni com Jupyra de Francisco Braga (produção do TM com direção de Victor Hugo Toro e Pier Francesco Maestrini); O ouro do Renode Wagner (produção do TM dando continuidade ao ciclo do Anel, com direção de Luiz Fernando Malheiro e André Heller-Lopes; Neschling também confirmou Siegfried para 2014, o que concluirá a produção integral do Anel do Nibelungo); por fim, em dezembro, o Teatro Municipal apresentará La Bohème de Puccini (produção do Teatro Real de Madri que terá direção de Neschling e Giancarlo del Monaco).

Além das óperas, o teatro terá uma movimentada agenda sinfônica, com 14 programas da Orquestra Sinfônica Municipal e 10 programas da Orquestra Experimental de Repertório, cada um com duas apresentações. O Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo também passará a ter uma atenção maior e terá o desafio de interpretar o ciclo completo dos quartetos de Beethoven. Já o Balé da Cidade de São Paulo estreará três novos programas, um deles dedicado à comemoração dos 100 anos da Sagração da Primavera (com a orquestra ao vivo no fosso).

Para terminar, Neschling falou da ideia de contratar, ainda neste ano, um elenco de solistas vocais como é comum nos teatros de ópera europeus. Isso dinamizaria a oferta lírica do teatro, possibilitando apresentações de óperas que estivessem no repertório no intervalo entre as novas produções.

A temporada 2013 terá estreia nos próximos dias 23 e 24 de fevereiro, com três homenagens: 200 anos de Wagner (Prelúdio Morte de amor de Tristão e Isolde), 20 anos de falecimento de Camargo Guarnieri (Sinfonia nº 2) e 200 anos de Verdi (Quatro Peças Sacras).



Fonte: Revista Concerto

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