quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A ARTE DO CANTO/ GRANDES VOZES NO THEATRO SÃO PEDRO/SP- LAURA DE SOUZA E ROBERTO SERVILE.

O ciclo "Grandes Vozes" já conta seis anos de existência. Trouxe diversos cantores estrangeiros consagrados para recitais e master classes no Theatro São Pedro. Cantores nacionais talentosos também se apresentaram no projeto. Desse ciclo tiramos muitos proveitos: Temos a possibilidade de ver artistas consagrados da ópera em recitais ou concertos e os estudantes de canto tem a chance de aprender com os grandes nomes da ópera mundial.

Na noite de 11/11/2011 apresentaram-se o soprano Laura de Souza e o barítono Roberto Servile. Juntamente com a Orquestra do Theatro São Pedro regida pelo competente maestro Emiliano Patarra. Muitos cantores famosos que aparecem por estas bandas fazem um repertório fácil, cobram uma bolada, são aplaudidos e se mandam felizes da vida com a grana no bolso. Laura de Souza e Roberto Servile optaram por um repertório baseado em grandes árias e duetos de Verdi e Puccini, não tiveram moleza.

Laura de Souza mostrou uma voz de timbre escuro, com potência excessiva , sustentação máxima das notas e uma garra impressionante . Sua ária "Senza Mamma" da ópera Suor Angelica de Puccini foi defendida com respiração elevada . A ária "Ritorna vencitor" da ópera Aida de Verdi mostrou uma voz volumosa e encorpada. A famosa "Vissi d'Arte " da Tosca de Puccini é o sonho de todo soprano, sua apresentação foi deveras desigual, voz elevada em momentos marcantes e leve demais em outros.

Roberto Servile rodou as salas de espetáculo do mundo devido a sua voz. Barítono ao estilo antigo, com graves cheios, luminosos , um italiano impecável e uma técnica inconfundível. A voz já não tem a potência de outrora , mas é de uma beleza marcante. Voz de barítono com belos graves é coisa rara nos dias atuais, onde reinam barítonos com voz tenoril. Sua "Cortigiani" da ópera Rigoletto de Verdi foi um primor de interpretação. Seus duetos com o soprano realçaram ainda mais a apresentação.

Roberto Servile
A Orquestra do Theatro São Pedro vem de uma escorregada no Il Guarany de Carlos Gomes, onde não esteve em seus melhores dias. Nas mãos de Emiliano Patarra tocou com leveza e precisão, acertou nos tempos , nos ritmos e principalmente no volume. A ideia do maestro Patarra ir ao microfone e explicar a plateia o que se passa na ação de cada ária é interessante e esclarecedora ao grande público.

Emiliano Patarra
Grande concerto do Ciclo "A Arte do Canto/ Grandes Vozes". Dois belos representantes da ópera, um repertório que expressa a música italiana do século XIX com suas grandes árias e duetos. Uma orquestra de bom nível e um maestro que entende a musicalidade de ópera. Pena que o publico não prestigiou a contento, muitas cadeiras vazias no teatro me dão uma tristeza no coração.

por Ali Hassan Ayache

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