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Julio Medaglia Foto: internet |
O
maestro Julio Medaglia foi demitido no começo da tarde, do último dia 03 de
agosto, da direção artística do Teatro São Pedro, após
assumir o posto em março deste ano e realizar uma bem sucedida
montagem de O Elixir do Amor, conflitos com o Instituto Pensarte,
organização social gestora do Teatro São Pedro, levaram à demissão do maestro.
A nota da Secretaria da Cultura informa que foi demitido também o diretor
executivo do Instituto Pensarte, José Silveira.
Abaixo, transcrevemos o noticiado, no blog do jornalista João Luiz Sampaio – Estadão.com.br, no próprio dia 03/08/12.
Assim vejamos:
“
O maestro Julio Medaglia foi demitido no começo da tarde de hoje da direção
artística do Teatro São Pedro. Ao longo da última semana, ele havia se
desentendido com funcionários do Instituto Pensarte,organização social
responsável pela gestão do teatro. Por conta disso, havia sido demitido,
decisão da qual o instituto teria voltado atrás após conversa com o secretário
estadual de Cultura, Marcelo Araújo.
Na
tarde de hoje, porém, o maestro foi convocado e demitido pelo conselho de
administração do instituto. Em um primeiro momento, os concertos que Medaglia
regeria amanhã e domingo no teatro foram cancelados – e fontes ligadas ao
instituto disseram ao Estado que
o mesmo deve acontecer com o restante da temporada do teatro. A Secretaria de
Estado da Cultura, no entanto, diz em nota que os concertos serão mantidos e
regidos por Emiliano Patarra (leia
abaixo). O programa, porém, será alterado.
Julio
Medaglia e o produtor José Roberto Walker assumiram o Teatro São Pedro no
primeiro semestre deste ano, mas as relações com o Instituto Pensarte já
estavam desgastadas. O estopim do desentendimento teria sido um episódio
envolvendo as partituras da ópera “Medium”, de Menotti, próxima atração da
temporada do teatro.
Após
receber a notícia de que as partituras ainda não haviam sido encomendadas,
Medaglia procurou o Instituto Pensarte para discutir a questão. Foi demitido em
seguida – por e-mail. O Estado
teve acesso ao e-mail enviado por Márcio Amorim, diretor administrativo e
financeiro do Pensarte, ao maestro:
“Em conformidade com o disposto na
legislação trabalhista, comunicamos a Vossa senhoria que a partir da data de
26/07/2012, considera-se desligado de nosso quadro de pessoal. Destarte,
declaramos rescindido seu contrato de trabalho por justa causa, nos termos da
aliena ‘k’ do artigo 482 da CLT, por motivo de Ato lesivo da honra e boa fama
ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos.
Comunicamos ainda que V.Sa, deverá comparecer em nossa empresa na data de
30/07/2012, para receber seus haveres, e, homologar sua Rescisão de Contrato de
Trabalho perante o sindicato de sua categoria.”
A
secretaria de Estado da Cultura, procurada pela reportagem, ainda não se
pronunciou oficialmente sobre o caso.
Atualização, feita às 18h de
sexta-feira, dia 3 de agosto:
A
Secretaria de Estado da Cultura acaba de divulgar nota sobre a demissão do
maestro Julio Medaglia e de José Silveira, diretor executivo do Instituto
Pensarte. Diz a nota: “A Secretaria de Estado da Cultura foi comunicada nesta
sexta-feira (3/8) da decisão tomada pelo Conselho de Administração do Instituto
Pensarte, organização social responsável pela gestão do Theatro São Pedro, de
desligar de seus quadros o diretor artístico Júlio Medaglia e o diretor
executivo, José Silveira. A Secretaria agradece o trabalho realizado pelos
profissionais e aguarda, até o final da próxima semana, que o Instituto
apresente nova proposta de programação para o segundo semestre, dentro das
diretrizes estabelecidas pelo órgão para aquele equipamento cultural. A
Secretaria reafirma o compromisso de oferecer espetáculos de qualidade à
população paulista.”
Por
telefone, a assessoria de imprensa disse ainda que os concertos do fim de
semana não serão cancelados e serão regidos pelo regente titular da orquestra,
Emiliano Patarra. ”
" Em conversa com o Estado, o maestro Julio Medaglia, que foi demitido hoje da direção artística do Teatro São Pedro, criticou a “incompetência” do Instituto Pensarte e disse que o secretário de Cultura informou ontem a ele que estava feliz “pela maneira como os desentendimentos haviam sido resolvidos”.
“Estivemos em estado de tensão o tempo todo com o Pensarte. A produção do “Elixir do Amor”, tão elogiada pela crítica, só saiu por causa de caixas de calmantes e a disposição e conhecimento do produtor José Roberto Walker, que chegou a colocar dinheiro do bolso dele na produção. O coro que cantou na ópera, por exemplo, só assinou contrato um dia antes da temporada”
“Na semana passada, procurei o Pensarte porque as partituras das próximas óperas ainda não haviam chegado. Conversando com o PX Silveira, ele me disse que havia problemas de contrato ou algo assim e que elas só chegariam na época do início dos ensaios. Como pode um burocrata definir quando os músicos podem ou não estudar uma partitura? Batemos boca, saí de lá muito irritado.”“Na segunda-feira, o secretário Marcelo Araújo nos chamou para uma reunião, nos entendemos, todo mundo se desculpou. Continuei a ensaiar para os concertos do fim de semana. Ontem, encontrei o secretário na Academia Paulista de Letras e ele me disse que estava feliz “pela maneira como os desentendimentos haviam sido resolvidos”, e pelo fato de que a programação sairia como prevista. Hoje, no entanto, depois do ensaio da manhã, fui chamado no Pensarte e comunicado de minha demissão.”
“Fala-se tanto do modelo de organizações sociais, mas ele não funciona se você escolhe pessoas incompetentes para trabalhar nelas. De onde vêm essas OSs? Que ligação tem com a cultura? O fato é que meus 50 anos de trabalho não valem nada. É uma pena. Não existe uma ópera tão emocionante e bufa como o Brasil.” "
Fonte: blog de João Luiz Sampaio – Estadão .com.br /
Revista Concerto
Caro maestro Júlio Medaglia, sou um "Zé Ninguém" comparado a sua estatura biográfica, mas sendo um cidadão que paga em dia seus impostos, solidarizo-me com sua postura de indignação diante desses calhordas mercantilistas da grande arte. Avalio que o goverdo de São Paulo está falido financeira e moralmente pela incompetência administrativa de seus tecnocratas.
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