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Teatro Municipal de São Paulo |
Conversas por computador e presos oprimidos tentam mostrar o lado atual da concepção, fica tudo embolado. É complicado adequar mitologia aos dias atuais. Figurinos normais, o deus Netuno aparece com roupas estampadas em reais e dólares. A ideia de colocar o deus em cena não é nenhuma novidade, já foi utilizada em Salsburg/2006 . O deus tinha roupas mais adequadas a um ser celeste.
A Orquestra Sinfônica Municipal regida por Rodolfo Fisher mostrou sonoridade volumosa e andamentos interessantes, o problema foi a falta do estilo mozartiano na apresentação da obra. A regência de Rodolfo Fisher toca Mozart como uma ópera romântica, como se ele tivesse vivido uns cem anos depois. O Coral Lírico se mostrou eficaz como sempre. Sua sonoridade foi muitas vezes atrapalhada pelas maluquices da direção.
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Gabriela Pace |
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Luisa Francesconi |
O tenor Miguel Geraldi mostrou uma voz pequena, isso não é nenhum demérito, seu timbre é puro lirismo. Empolga e se mantém constante do começo ao fim da apresentação. Fez um Idomeneo completo. A baixa ficou por conta de Claudia Riccitelli, com uma virose não pode se apresentar. Em seu lugar entrou o soprano Janete Dornelas, chamada de última hora, chegou as duas da manhã no dia da apresentação e às sete horas já estava ensaiando. Cantou Electra cinco anos antes , relembrou as árias e conseguiu um belo timbre de soprano dramático. Tirou leite de pedra.
Quem não acertou a mão foi Marcos Liesenberg, sua voz não tem a solidez necessária de um Mozart. Emissão quase sempre áspera e irregular, que troca agudos por gritos agressivos. Será que Mozart compôs isso? Duvido , seu Arbace/Sacerdote foi o elo fraco entre os solistas, fez uma interpretação contida com troca qualidade melódica transformando-se em gritos.
As surpresas mostram a organização e a desorganização do grande teatro paulistano: A direção conseguiu um sorprano de última hora , que cantou com dignidade e salvou a récita. O desagradável vem quando anuncia-se concerto cênico e se monta uma ópera completa. Todos os meios de comunicação divulgaram conforme o anunciado, algumas pessoas nas redes sociais reclamaram do erro e culparam a imprensa. O Theatro Municipal de São Paulo deve saber o que vai fazer, programar com antecedência o espetáculo e anunciar o correto. Todos os grandes teatros líricos do mundo divulgam suas programações com meses ou anos de antecedência, esse é o exemplo a ser seguido.
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